Silêncios

Há coisas que às vezes me dão uma alegria e paz interna, um sentimento de redenção, de apreciar a existência de ilhéus de humanidade numa actualidade tão desprovida da mesma. Chamo a vossa atenção para esta notícia e vídeo do Público "Surdos já têm serviço telefónico de apoio a clientes". Vejam, mas vejam bem e para além da publicidade e propaganda da Vodafone, para além do som das palavras... "vejam" os silêncios da comunicação, das palavras mudas, sintam  a ligação entre os intervenientes e os sorrisos, pois é impossível combater a contradição de nos escondermos quando damos a cara. É assim, sem truques ou barreiras de écrans, vozes e fibras ópticas.
Penso, por outro lado, que os motivos da Vodafone são quase de certeza completamente alheios ao tipo de serviço que está realmente a prestar.

Há uns tempos atrás estava a calcorrear a Praia de Faro onde tirei a fotografia aqui ao lado. Perto desta casa reparei numa senhora à porta com um telefone na mão a falar em silêncio como acima descrito. Passei mais por perto e com um relance de curiosidade. Uma torrente de lágrimas corria tristemente pelo seu rosto, num sofrimento bem visível, completamente alheia à sua envolvência, absorvida por um rectângulo de plástico de 5cmx10cm, o qual para ela era naquele momento todo o seu mundo... e "dizia" "Eu amo-te, eu amo-te, eu amo-te!" para quem a quisesse "ouvir".

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