O Pénis Português




"A promiscuous person is a person that is getting more sex than you are."



E chegamos a isto... ainda a remoer a qualidade jurídica de alguns juízes nacionais e argumentos para justificar sentenças e preconceitos, tenho de voltar ao tema da semana. Desta vez a tentar desconstruir o imaginário nacional e tentar arrumar de uma vez por todas uma quantidade enorme de estereótipos, que deambulam por esse país fora. 

O juiz Neto de Moura (masculino) redigiu a famigerada sentença sozinho. A sentença foi assinada por outro juiz Maria Luísa Arantes (feminino). Deveria investigar-se se este último juiz foi coagido a apostar a sua assinatura nesta sentença, se a assinatura é falsa,  (ambas atividade criminal do primeiro) ou se "assinou de cruz" (negligência em cargo público com direito a exoneração imediata). O comportamento deste tribunal deveria ser investigado até às últimas consequências. Temo, no entanto, que o resultado desta investigação seria danoso e possivelmente confirmaria a falta de qualidade jurídica que reina nesta República. Mas isto são só pormenores técnicos de somenos importância. 

O facto desta sentença ter sido escrita e fundamentada, de um tal modo que faria inveja a um cádi do Estado Islâmico, tem como origem uma ignorância e falta de educação sexual que é endémica em Portugal. Recentemente deparei-me com uma estatística a qual dizia que os portugueses são os europeus com menos atividade sexual. Com a enormidade de frustrações, traumas, religião, preconceitos que se vivem, as quais criam infinitas invejas, não deveria admirar a ninguém que tal texto e condicionamento racional tenha sido publicado com o selo da República. 

Mas não façamos a confusão fácil de considerar isto de machismo e perdoem-me se me faço soar demasiado freudiano. Nem tudo é sexo, mas a falta dele faz com que tudo se torne agravado. O orgasmo feminino é uma descoberta ocidental recente com cerca de cem anos e só feita moeda corrente a partir de... Woodstock? Mas o homem e a mulher portuguesa são educados em repressão, suspeita, sentem-se enganados, por professores, colegas, vizinhos, patrão, fisco, governo, treinador, árbitro e muitos mais que poderão adicionar se quiserem. É por isso que um matrimónio para toda a vida assume um cariz totalmente desproporcionado; em vez de um contrato entre dois indivíduos que assumem uma vida futura para procriar (ou não), para se acompanharem até ao fim, não é mais do que uma aquisição, uma OPA velada, onde as intenções de cada um são díspares e a ideia de maturidade (e juventude) sexual são raramente discutidas. Li anteontem o comentário de um indivíduo o qual dizia nestes termos, se bem me recordo: – Pois ela casou comigo, prometeu para toda a vida e se peca na carne, pecou antes em pensamento e esta falsidade e incumprimento do contrato deveria ser punida!!!... e fico abismado com este discurso que usa termos bíblicos (lembram-se quem mais?) aliados à palavra de contrato. Isto demonstra um desconhecimento tanto de religião quanto de negócio. Se uma empresa falha porque um dos sócios se desinteressa, vai à falência, fazem-se as contas finais e é tudo. Venha o negócio seguinte e que eu saiba, todas as empresas que se fundam têm, por definição, duração indeterminada, a qual vai para além do tempo de vida dos sócios ou fundadores. 

Há um sentimento de propriedade inusitado e indevido e isto faz que num relacionamento, as prioridades de cada um sejam diferentes, esquecendo que, por falta de educação, essas prioridades deveriam ser irrelevantes pois são danosas para o bem comum. É por isso que o conceito e a realidade de uma mulher que adore sexo é uma ameaça para o homem com quem está, sempre a pensar que vai ser enganado, para as mulheres dos outros que se sentem ameaçadas na sua propriedade, para os homens das mulheres dos outros. Daí a existência da moca de pregos, não sei onde se compra, se no Lidl ou na Decathlon, e se não em forma material, por certo em forma emocional. Todo o português tem uma, ou em casa ou na cabeça para conforto, para que se saiba, para não se ser enganado. A esfera armilar da bandeira nacional deveria ser substituída por este implemento. E quem tem esta moca de pregos não é para efeitos decorativos, será para ser usada eventualmente, tal como o juiz Neto de Moura o fez assim como os arguidos nessa sentença.

Termino agora porque isto já vai longo... só acrescento que não se deveriam adjetivar certos substantivos... não existe tal coisa como Violência Doméstica!!! Há só... Violência.






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