Imperdoável


Ontem fiquei chocado por ver estas imagens que correm no País global, imagens "tradicionais" de um polícia a agredir um cidadão. Pensava eu que este tipo era de outros tempos, dos tempos do Maio de 68, 69 e seguintes, de canhões de água, tinta verde etc... Pensava eu que a PSP não era como as outras, que manipulam a lei depois de executar um Afro Americano pelas costas, ou um individuo que leva uma cadeira desmontada debaixo da gabardina e é confundido por uma caçadeira ou um outro que é brasileiro (não árabe) e é executado também no Metropolitano londrino com 7 (sete!) balas na cabeça. Pensava eu que a PSP de agora recrutava gente com educação e perspectiva e, não a tendo, a oferecia em treino como parte de um Corpo que deve estar ao serviço do cidadão. Vejam como me enganei:


Pois é... enganei-me. E  pior é que no dia seguinte depois de vermos imagens do mesmo nível de Ferguson ou Daesh ou North Charleston, a mesma língua de trapos vai tentar renegar as imagens. Sim, que um relatório está a ser feito para completa averiguação do incidente, o carimbo normal chapa 3 a que sempre estivemos habituados.

E o pior é... a criança... a criança que vê o pai herói, que o levou a ver aquele jogo em que o Benfica (que ama concerteza também) é sagrado Campeão Nacional, um dia já de si inesquecível, a ser testemunha de um ato de violência gratuita, não diferente de uma decapitação do Daesh, ou de 8 tiros disparados nas costas.

E vêm argumentos de Polícia dizendo que o fato de uma criança estar presente não imuniza o cidadão. Pelas imagens, o cidadão não tem faca, ou pistola, ou colete-bomba, talvez tenha entrado em qualquer argumento com o sub-comissário (sim sub-comissário) acerca de futebol ou quejando e provavelmente chamou-lhe "um grandessissimo filho da puta!" A reacção do sub-comissário comprovou que o cidadão tinha razão na sua avaliação.

A autoridade é para ser exercida, a farda para ser respeitada. Nada disto se passou nestes momentos. O que se viu foi uma mera algazarra de taberna. Tivesse o sub-comissário alguma autoridade e teria despoletado esta situação com meia dúzia de palavras. Não se viu qualquer pré-aviso, qualquer firmeza do género "o Senhor acalme-se, há crianças aqui ao pé, o seu filho por exemplo." Não, nada. Penso que este sub-comissário desfardado não será muito corajoso mas quando põe a farda transforma-se num cobarde... qualidades que não são de todo compatíveis com a profissão, na minha humilde opinião.

Teremos talvez um cidadão a ser multado para compensar a República e um sub-comissário a ser suspenso para o mesmo efeito... mas e a criança? Quem a compensa?

Aos 28 segundos deste vídeo um outro membro da PSP abraça a criança e tenta protegê-la da visualização de tão barbárico ato, a fazer o seu trabalho de protecção, a merecer e respeitar a farda que enverga... para comprovar que embora todas as Polícias sejam iguais nem todos os polícias o são.

Comentários

  1. É com enorme saudade e não menos alegria que te vejo regressar a este espaço, o teu, e em plena forma!

    Zé Paulo o que é que tu podias esperar de uma pessoa que de manhã se levantou a pensar: “mas afinal quem é que manda aqui, vamos lá dar umas valentes cacetadas nesta malta”.
    A autoridade em toda a sua ignorante pujança na aplicação, nomeadamente, da alínea f) do Art.º 8.º do D. L. N.º 299/2009, vulgo Estatuto Profissional da PSP.
    Já não refiro, de propósito, a alínea a) do mesmo articulado, porque a possibilidade da sua concretização seria uma tarefa sobre humana.

    A polícia defende o cidadão, ou pelo menos é suposto fazê-lo.
    Mas fica sempre por responder a velha e gasta questão: quem é que nos defende da polícia?

    Das associações sindicais da polícia, tão pródiga em reivindicar tudo e um par de botas, até ao topo da hierarquia, a seráfica nulidade que é Ministra, apenas e uma vez mais o silêncio comprometedor.

    Como é que é possível uma pessoa deste calibre chegar a agente da dita autoridade, quanto mais a subcomissário da PSP?
    Quem é que forma estas pessoas, e depois as licencia para a profissão?

    Anda tudo à solta por aqui.

    Um enorme abraço do
    J. Malafaia

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    1. Obrigado João pelo comentário. São tristes as imagens e a sentença nunca irá compensar o crime principalmente quando o arguido é quem é... Quando a polícia está envolvida à uma expressão inglesa que explica bem ... "the same difference".

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