Apanhar ou saltar do comboio?

Li esta manhã um pequeno artigo do Pedro Santana Lopes publicado no Correio da Manhã de título Campanhas Eleitorais e faltas de comparência. Admiro-me com a sua admiração pelo facto de ainda hoje não existirem candidatos e candidaturas às autárquicas de algum substrato e credibilidade pelo PSD, quando a contagem decrescente já começou. E pergunto, qual será o político profissional que irá alinhar em comboios, laranjas, rosas, vermelhos ou azul-marinhos, beijar bébés e cidadãos de representação esquecida e fosca, numa altura em que o povo está na rua a pedir contas, literalmente, no Brasil, Turquia, Bulgária, e onde até aqui, no País do aperfeiçoado até à exaustão disfuncional Estado de Direito, políticos começam a ser encarcerados, investigações começam a chegar ao fim, desta vez completas e acusantes?

Qual é o quadro do PSD que se irá chegar à frente em Lisboa ou Porto para substituir ou continuar um cargo em que o escrutínio e prestação de contas está já do outro lado da porta, com algemas garantidas? A desonestidade tem sido um facto na estrutura política e estatal, mas pela primeira vez um sentido de vergonha começa a transparecer. Desonesto sim porque se mistura com o resto, agora desavergonhado?

Vergonha, Pedro sim é vergonha! Ninguém quer ir à frente apregoar as ladainhas do costume, acenar as bandeiras já esgaçadas de tantas promessas não cumpridas em nome de todos, com chavões inconsequentes. Ninguém quer levar às costas para uma eleição, um programa partidário governante ou oposto, sem parecer, não desonesto como no passado costumeiro, mas desavergonhado. E Pedro porque não te chegas à frente, sim, tu? E se o comboio não te agrada para onde vai, salta! Vai a pé! A penantes...

Na nossa bela língua nunca se diz "morrer de desonestidade"... agora "morrer de vergonha"? Ninguém o quer! 
  

Comentários

  1. Caro Paulo,

    Já passou algum tempo desde o último encontro realizado aqui, nas "instalações" do teu jornal. Constata-se que temos muitos pontos de vista comuns. Mas, algum dia aconteceria alguma dissonância. Poderá ser apenas uma questão de oitavas (no big deal). Aí vai.
    Para que alguém desembarque deste mundo na sequência de uma determinada doença, terá que, forçosamente, padecer da mesma. Até aqui é consensual. Contudo, o “morrer de vergonha”, não que esta seja uma doença (antes o fosse), torna-se necessário, à partida, que ela exista, que se manifeste. Ora, aí é que bate o “nosso” ponto.
    Os nossos políticos deixaram há muito tempo de ter qualquer espécie e grau de vergonha. Disso, e de outras coisas, nunca irão finar-se!
    Como tal, vão continuar a existir candidatos, eleitos democraticamente, e desavergonhados a comandar os nossos destinos.
    Alguém disse que temos os políticos que merecemos?

    Fica bem.

    João

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